O aluno Alessandro Caravella aceitou o desafio de 'tatuar' no papel esses instantes de tempo que se consomem através da janela do seu quarto. Partilho convosco as suas palavras:
«Da janela do meu quarto eu vejo um mundo paralelo: à frente dos meus olhos aparece uma extensão de telhados e casas, com os rios de fumo que partem das lareiras e vão pelo céu. De vez em quando, entre os monstros silenciosos de cimento e as ruas cinzentas, vejo umas árvores verdes que dão como um sopro de cor, neste quadrado melancólico. Da janela do meu quarto eu vejo a juventude perdida, que esvazia a sua vida com um buraco de seringa. Da janela do meu quarto eu vejo os mendigos, as caras apagadas pela velhice e pela fome. Da janela do meu quarto eu vejo a Beleza que vende amor e ilusões aos transeuntes distraídos. Da janela do meu quarto eu vejo um Carnaval de raças e cores; gargalhadas ao sabor de África. Da janela do meu quarto eu vejo uma mãe que leva um menino pela mão, e caminhando pela rua lhe explica que a “diferença” não é um inimigo a evitar, mas um amigo para abraçar.»
Eis outro singular texto da aluna Carmen Teramo que também partilha esse mundo que perceciona da janela do seu quarto.
Eis outro singular texto da aluna Carmen Teramo que também partilha esse mundo que perceciona da janela do seu quarto.
«Da
janela do meu quarto eu só posso ver um pedaço de céu, que parece demasiado
longe e inalcançável, entre os prédios altos e antigos da minha pequena rua.
Embora seja tão pequena, é muito frequentada por pitorescas personagens: há a
velha senhora que sempre rega as flores que embelezam a sua pequena varanda,
lamentando-se das gargalhadas e dos berros das universitárias espanholas em
Erasmus que moram perto dela e dos grupos de adolescentes que se sentam nas
escadas ali. Há os netos dela que também regam sempre as suas flores e parecem
mais velhos do que são na verdade, tristes e cheios de ilusões perdidas. Há a
porteira do meu colégio, que vai à janela com a Circe, a sua cadela, e fala com
ela como se fosse uma menina curiosa por descobrir o mundo. Há a mulher
misteriosa que está no escuro do seu quarto e espia atrás das cortinas a vida
que talvez ela só pode sonhar. Há enfim a personagem mais original de todas: um
velho alto e muito magro que eu chamo Gandalf o Cinzento porque é parecida com
uma personagem do filme “O Senhor dos Anéis” que é um mago. Ele caminha sempre
com os seus cães, que eu chamo “cães-gárgula” porque ladram de maneira lúgubre
e estão sempre nervosos. Gandalf o Cinzento parece um homem distante, mas ajuda
sempre os condutores a fazer manobras quando encontram dificuldades pelo pouco
espaço da rua.»
Aproxima-te da janela do teu quarto e observa a vida lá fora. Conta o que vês e o que escutas. Dá-nos a conhecer o teu bairro, a tua rua, a provável vida de utopias dos teus vizinhos ou de inocência da menina que passa em bicicleta neste momento. 'Fotografa' essas tuas perceções e envia para o blogue.
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