terça-feira, 22 de maio de 2012

Capítulo 6 - Era uma vez um país...


«Era uma vez um país
na ponta do fim do mundo
onde o mar não tinha eco
onde o céu não tinha fundo.
Onde longe longe longe
mais longe que a ventania
mais longe que a flor da sombra
ou a flor da maresia
em sete lagos de pedra
sete castelos de nuvens
em sete cristais de gelo
uma princesa vivia.
Era uma vez um país
na ponta do fim do mundo
onde o mar não tinha eco
onde o céu não tinha fundo.
Onde longe longe longe
mais longe que a luz do dia
com a sua coroa de abetos
e seus anéis de silêncio
suas sandálias de tempo
seu tear de nostalgia
uma princesa tecia
o seu tapete de espanto
no fim da fantasia
do seu casulo de encanto.»

(Ary dos Santos, Tempo da Lenda das Amendoeiras)


E agora uma curta-metragem animada.


Na tua opinião, onde fica este lugar? Como se chama? 
Quem é esta personagem?
E por que é que improvisadamente tudo fica sem cor e movimento?


A personagem desta história é uma menina que tem de dançar sempre para fazer passar o tempo, em quanto ela representa o tempo mesmo. Quando ela tenta sair da engrenagem do relógio para ver as coisas boas da aldeia e do mundo, tudo pára e se transforma cinzento e imóvel. A menina está triste porque compreende que nunca poderá ver o mundo e as cores, então regressa ao seu trabalho no relógio e começa a dançar novamente. O tempo corre e as cores voltam e ela está feliz. (Rachele Reali)

A bailarina é a felicidade que vive num mundo chamado vida. Ela mora no coração desse mundo. A vida passa e a felicidade está sempre presente. Mas quando a felicidade decide deixar o coração da vida, o mundo pára e fica triste. Percebendo que a sua presença é fundamental, ela decide voltar, porque sem a felicidade a vida não faz sentido. (Ticiana Santiago)


Esta curta-metragem conta a história de uma menina, uma bailarina muito gira sobre a qual, porém, não sabemos nada, não sabemos quem é, quantos anos tem e como se chama. Sabemos que é a dona dum país maravilhoso, sem guerra, sem ladrões e sem violência... é um mundo perfeito... quase perfeito! Este mundo imaginário depende sempre dela, ela é o espíito vital de tudo. Precisamente o mundo onde mora depende da dança dela: quando ela dança tudo se move e no ar se respiram sensações positivas, de otimismo, porém, quando ela pára a sua dança, tudo fica sem movimento, não há cores. A vida depende dela, tudo depende dela... só ela não se dá conta disso! (Matteo Capitini)


Esta história fala duma menina que está a sonhar com uma grande cidade, onda há casas de madeira e muitos balões pelo ar. Ela é uma bailarina; só se sente livre quando está a dançar. Neste mundo imaginário, quando ela deixar a sua paixão, já não há movimento: as cores desaparecem e também o céu fica triste. Neste sonho, a rapariga compreende que para viver bem e ter um mundo de todas as cores não pode renunciar aos seus desejos e às suas emoções. Estas sensações movem o relógio da sua vida. (Fabiana Scali) 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Capítulo 5 - Um Mar de emoções...



O mar é uma carícia fresca de liberdade
Que nas mãos ou na cara podes tatear,
é o suspiro de uma procissão
infinita de raparigas
que ao sacrifício vão,
é o perfume de tristes profundidades
esquecidas,
é o gosto de imensidades
perdidas…
O mar é como um estado de ânimo,
mutável e sublime.  (Carmen Teramo)

O mar é uma extensão de água salgada que marca horizontes. Milhões de gotas que substituem terras e prados. É uma coisa tão grande, imensa e poderosa que não conhece fronteiras. O mar com a sua força implacável gera a vida, acolhe maravilhosas formas vitais, mas ao mesmo tempo pode destruí-la. O mar, muitas vezes, assusta as homens que se sentem impotentes e pequenos como formigas. A água do mar quando se quebra contra a terra modela as margens, que se tornam labéis. O mar nunca pára, está sempre em movimento, mais ou menos agitado em relação ao vento. Quando olho o mar eu percebo um sentido de liberdade e infinidade.  (Amina Boggi)


Mar, como te perceber? És imenso, profundo, maravilhosamente lindo e magicamente misterioso.Tudo aquilo que te forma, que faz parte de ti é estupendo: areia, ondas, rochas, o grito das gaivotas, o teu perfume, a vida que te popula, a tua voz, a tua força e potência,tudo é divino em ti. Deus criou-te quando estava feliz, és a sua perfeição absoluta.Duas consoantes,duas vogais, duas sílabas do ponto de vista da expressão e a eternidade, imensidade e intensidade do ponto de vista do significado. És maravilhoso em todas a estações do ano, de manhã e à noite, quando resplandece o sol e quando chove. Para ti se estendem as pessoas quando estão felizes, tristes, apaixonadas, cansadas, zangadas, estendem-se para procurarem a paz interior, para encontrarem as respostas, para confiarem os seus pensamentos, para tomarem de ti a energia universal e transformarem-na no tratamento da alma. (Krystyna Borysenko)

A água é o elemento da natureza que eu mais gosto. O som que o mar produz quando chega à ribeira, esse vai-vem, é como uma canção de embalar que provoca uma profunda paz interior. Os reflexos dos raios do Sol na superfície do mar são como milhares de pequenos diamantes. O perfume do mar, a maresia, penetra no corpo pela narina, chegando aos pulmões e, graças, às veias, estende-se por todo o corpo suscitando uma sensação de energia. Por fim, o tato. Deitar-se à breira-mar e deixar-se massajar delicadamente pela água é a melhor terapia não só para o corpo mas também para a cabeça. (Cristina Gangitano)


O velho marinheiro

As vagas rebentam contra as rochas,
o marinheiro está a cantar
enquanto o barco desliza sobre o mar
os olhos perdidos naquele azul
maravilhosa extensão sem fim.
A luz da madrugada,
as velas levadas pelo vento,
a pele bronzeada.
Lembranças que vêm à memória:
pessoas, lugares, emoções,
tanta fadiga mas tanto amor.
Ele nasceu sobre o mar,
esta é a sua casa, a sua vida
e não deseja parar de navegar.
A maresia é o seu perfume preferido,
sente-se livre, feliz, enriquecido.
O coração grato por todas as prendas do destino. (Olga Di Francesco)


O mar nos olhos

Nos teus olhos
o verde do mar
da água limpa
imóvel.
Gosto do teu andar
como o das ondas
tranquilo
no silêncio
dum dia de sol. (Rachele Reali)


Furacão

Perdição.
Palácios de ondas rodeiam a nau,
a tripulação não vê ao seu redor.
A Natureza escolheu com vigor:
o Mau.


Espumas, escombros, o vento que uiva,
seria um milagre uma só alma viva.
A chuva não cala,
relâmpagos gaguejam,
um raio já fala,
entre os nimbos praguejam
os maiores trovões.
Desesperações.

Mas no cume do medo a nau não se afunda,
o céu, mais que preto, vê o mar que a secunda:
as vagas recuam, deixam de brincar,
as nuvens já mudam as cores do ar.

Tempestade violenta faz-se ventania,
as rezas dos homens afastam a morte;
só há vento forte.
O céu já não chora, agora faz companhia
à nau e à equipagem que sobre ela esteve
uma brisa leve.

A lua, enfim, ganha coragem
e volta a se olhar
no espelho do mar.
Tudo isto fica: a mínima aragem
que nem sequer agita uma palma.
Calma. (Luigi Boncompagni)



terça-feira, 8 de maio de 2012

Capítulo 4 - Do outro lado da história...

Para despertar os teus sentidos


Lembras-te também d’ A Pequena Sereia? E do Capuchinho Vermelho e d’O Pinóquio? O que faz agora a Cinderela nos tempos livres? Gosta de viver num castelo? Também tem uma página no Facebook? E Rapunzel frequenta algum curso? Já participou no programa Erasmus? Gosta de viajar e conhecer novas culturas? E onde vivem agora os sete anões? E a estes sete juntou-se mais algum? Eis que te é dada a oportunidade de continuar aqueles contos que tantas vezes povoaram o teu imaginário.

O Alessandro Valentini escolheu a história de Hansel e Gretel (também conhecida em Portugal por A Casinha de Chocolate) e deu-nos a conhecer a vida destes dois meninos, agora adultos:

«O Hansel e a Gretel hoje têm uma graciosa confeitaria no centro da floresta onde eles vendem muitas coisas boas. Eles trouxeram muitas receitas da casa da bruxa e hoje eles preparam doces excecionais para todos os animais da floresta e para todas as crianças que passam pela floresta para trazer coisas às suas avós que moram no bosque. O Hansel e a Gretel são dois ótimos pasteleiros, eles cozinham doces e pastéis que eram da bruxa e as crianças vão à confeitaria para atravessar a floresta antes de ir para a escola. E todos os dias compram a merenda e, por isso, o Hansel e a Gretel têm muito dinheiro e querem abrir uma outra confeitaria na “Ilha que não há”.»

A Francesca Muscatello selecionou a história d'O Capuchinho Vermelho, continuando a recontar a vida desta menina:

«O Capuchinho Vermelho tornou- se numa senhora muito linda. Ela casou-se com o filho do caçador, que se chama José, depois de ter terminado a Universidade para ser uma ótima veterinária. Ela gosta muito dos animais mas não gosta do lobo! Ela está feliz com o seu marido e agora está grávida do seu quinto filho. Ela é uma mãe apaixonada pelos filhos e pelo seu marido que é um senhor muito bom. Eles vivem numa pequena aldeia e todos os sábados organizam festas para toda a gente que vive lá!»


A Cecilia Dominici decidiu contar como vive a Rapunzel nos dias de hoje:

«A Rapunzel tinha o cabelo comprido mas agora não tem. Ela tem o cabelo curto porque tem duas filhas que puxavam os seus cabelos! Ela é casada com Eugene, o seu primeiro amor. A Rapunzel estuda na faculdade de línguas da sua cidade e ao mesmo tempo é cabeleireira. Ela tem uma enorme paixão por cabelos e adora pentear aqueles das suas meninas. A sua madrasta mora longe dela, porque a Rapunzel nunca a perdoou. As suas filhas chamam-se Flor e Sol, porque ela gosta muito da natureza e deu-as à luz num jardim com muitas flores num dia luminoso.»


E a Lucia Dominici apresenta-nos a Aurora, a emancipada Bela Adormecida:

«Hoje A Bela Adormecida (Aurora) não vive mais com o príncipe encantado (Filippo), ela não gostava da vida de casa, não queria filhos, não queria ser princesa ou, mais simplesmente, não queria estar com o Filippo. Agora mora em Nova Iorque, consome todos os dias café do "Star Bucks" e dirige o ateliê de moda mais célebre. É uma mulher muito desejada porque é solteira, muito rica e a mais jeitosa.»


Envia também as tuas ideias criativas.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Capítulo 3 - Da janela do meu quarto...



O aluno Alessandro Caravella aceitou o desafio de 'tatuar' no papel esses instantes de tempo que se consomem através da janela do seu quarto. Partilho convosco as suas palavras:

«Da janela do meu quarto eu vejo um mundo paralelo: à frente dos meus olhos aparece uma extensão de telhados e casas, com os rios de fumo que partem das lareiras e vão pelo céu. De vez em quando, entre os monstros silenciosos de cimento e as ruas cinzentas, vejo umas árvores verdes que dão como um sopro de cor, neste quadrado melancólico. Da janela do meu quarto eu vejo a juventude perdida, que esvazia a sua vida com um buraco de seringa. Da janela do meu quarto eu vejo os mendigos, as caras apagadas pela velhice e pela fome. Da janela do meu quarto eu vejo a Beleza que vende amor e ilusões aos transeuntes distraídos. Da janela do meu quarto eu vejo um Carnaval de raças e cores; gargalhadas ao sabor de África. Da janela do meu quarto eu vejo uma mãe que leva um menino pela mão, e caminhando pela rua lhe explica que a “diferença” não é um inimigo a evitar, mas um amigo para abraçar.»

Eis outro singular texto da aluna Carmen Teramo que também partilha esse mundo que perceciona da janela do seu quarto.

«Da janela do meu quarto eu só posso ver um pedaço de céu, que parece demasiado longe e inalcançável, entre os prédios altos e antigos da minha pequena rua. Embora seja tão pequena, é muito frequentada por pitorescas personagens: há a velha senhora que sempre rega as flores que embelezam a sua pequena varanda, lamentando-se das gargalhadas e dos berros das universitárias espanholas em Erasmus que moram perto dela e dos grupos de adolescentes que se sentam nas escadas ali. Há os netos dela que também regam sempre as suas flores e parecem mais velhos do que são na verdade, tristes e cheios de ilusões perdidas. Há a porteira do meu colégio, que vai à janela com a Circe, a sua cadela, e fala com ela como se fosse uma menina curiosa por descobrir o mundo. Há a mulher misteriosa que está no escuro do seu quarto e espia atrás das cortinas a vida que talvez ela só pode sonhar. Há enfim a personagem mais original de todas: um velho alto e muito magro que eu chamo Gandalf o Cinzento porque é parecida com uma personagem do filme “O Senhor dos Anéis” que é um mago. Ele caminha sempre com os seus cães, que eu chamo “cães-gárgula” porque ladram de maneira lúgubre e estão sempre nervosos. Gandalf o Cinzento parece um homem distante, mas ajuda sempre os condutores a fazer manobras quando encontram dificuldades pelo pouco espaço da rua.»

Aproxima-te da janela do teu quarto e observa a vida lá fora. Conta o que vês e o que escutas. Dá-nos a conhecer o teu bairro, a tua rua, a provável vida de utopias dos teus vizinhos ou de inocência da menina que passa em bicicleta neste momento. 'Fotografa' essas tuas perceções e envia para o blogue.